Campo Grande (MS) – Servidores penitenciários de Mato Grosso do Sul iniciaram, nesta quinta-feira (25.1), o curso de Intervenção Tática Prisional e Sobrevivência Administrativa. Agentes de outros estados e do Paraguai também participam da qualificação, que conta com o apoio logístico da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da Escola Penitenciária (Espen).
Custeada e articulada pelos próprios agentes, a capacitação terá carga horária total de 39 horas e está sendo ministrada pela Team Six Brazil, que é uma empresa de São Paulo e há sete anos oferece cursos na área de segurança, estando pela primeira vez no estado. As aulas serão divididas em teóricas e práticas e ocorrerão até domingo (28.1).
Para proporcionar um curso de alto nível de técnica e excelência, serão disponibilizados mais de 400 kg de equipamentos. Segundo o presidente da Team Six Brazil, Basílio Machado de Souza, entre eles terão armamentos simulacros, que se assemelham a uma arma real. “A novidade é o módulo de Sobrevivência Administrativa, em que o aluno vai ter conhecimento das questões burocráticas de procedimentos administrativos que ele tem que tomar, para cumprir a missão dele e dar o respaldo necessário para a instituição”, destaca.
Já o módulo de Intervenção Tática Prisional, informa o presidente, abordará a simulação de invasão em um presídio rebelado; além de abordagens e imobilizações prisionais, para demonstrar como conter um preso com segurança, respeitando as normativas dos Direitos Humanos.
O bicampeão mundial de Jiu-jítsu, Marco Antônio Dib, é um dos instrutores do curso. Agente penitenciário em São Paulo há 25 anos, ele conta que desenvolveu o módulo inovador. “O objetivo é proporcionar uma mudança de mentalidade dos profissionais que atuam no sistema prisional, focando no uso desnecessário de equipamentos, mesmo porque o Estado prima pela contenção de gastos e isso é realidade em todo o país”, declara. “Com esse novo olhar dos servidores, além de trazer economia, também evita inúmeros problemas causados pela falta de preparação adequada dos agentes”, complementa.
Para a agente Maísa Rosa Rocha, buscar crescimento profissional é uma necessidade constante. “Já realizei seis cursos na área, inclusive em Minas Gerais e no Paraná, busco sempre novos treinamentos para realizar as intervenções de forma correta. Todos os ensinamentos têm aperfeiçoado muito meu trabalho”, afirma.
Atuando na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande, o agente Dirceu Belmar Monis revela que também está com muita expectativa com relação ao curso. “Pretendo melhorar o uso de equipamentos como escudo, tonfa, além das técnicas de autodefesa. Espero que nos aprimore e o que já sabemos fazer”, ressalta.
O agente penitenciário paraguaio Fabio Benitez atravessou a fronteira para buscar conhecimento no Brasil. Trabalhando há mais de 20 anos no sistema penitenciário de Pedro Juan Caballero, ele afirma que se inscreveu no curso para saber mais sobre a realidade de um sistema diferente do dele. “Observo que são problemáticas totalmente divergentes, mas é uma oportunidade para um intercâmbio de ideias e culturas, podendo aprimorar meu trabalho”, acredita.
Representando a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o superintendente de Segurança e Políticas Penitenciárias, coronel Jonildo de Oliveira, prestigiou o início das aulas e informou que a intenção da Sejusp é proporcionar novas capacitações aos agentes penitenciários e sempre buscar aperfeiçoamento aos profissionais.
Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, esse tipo de iniciativa contribui para aperfeiçoar os serviços prestados dentro das unidades penais. “Nossa instituição está crescendo e buscamos sempre incentivar a qualificação dos servidores, por isso parabenizo os profissionais que estão buscando com recursos próprios o aprimoramento das atividades; isso demonstra muito compromisso com a instituição”, agradeceu o dirigente.
A abertura do curso contou com a presença do coordenador de políticas penitenciárias da Sejusp, Rafael Ribeiro; do presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MS, Christopher Scapinelli; e do presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária (Sinsap/MS), André Luiz Santiago; além de chefias da Agepen e diretores de unidades prisionais do estado.
Texto: Tatyane Santinoni.
Edição: Keila Oliveira.
Fotos: Tatyane Santinoni e Keila Oliveira.