Entre a rotina intensa do trabalho penitenciário e os cuidados com a criação dos filhos, Amanda Souto Mayor Ramos se divide para conciliar os dois universos completamente distintos. E foi o amor de mãe, que a impulsionou a lutar pelos seus sonhos.
“Meu objetivo sempre foi dar o melhor para as crianças e atuando no que eu realmente gosto seria o ideal para mim”, revela. Apaixonada por viaturas e trabalho operacional, a agente penitenciária sempre sonhou em atuar na segurança pública e há mais de quatro anos concluiu o curso de Bombeiro Civil e conquistou a carteira de motorista categoria D.
Servidora da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) desde 2019, Amanda é a primeira mulher motorista de um grupo operacional.
Formada em Administração, Amanda explica que sua paixão mesmo sempre foi estar fora do escritório. “Depois de atuar um tempo na minha área, percebi que aquilo não me realizava, gostava mesmo é de estar nas ruas, exercendo um trabalho sem monotonia”.
Criado em abril deste ano, o Grupamento de Escolta Penitenciária (GEP) representa mais um avanço para o sistema prisional de Mato Grosso do Sul. Formado por servidores de carreira treinados e habilitados, os trabalhos consistem na escolta de saúde e transporte de presos em consultas e exames diagnósticos agendados, em Campo Grande.
Mãe de um casal, Amanda conta como tem sido sua trajetória e a rotina de mãe, profissional e mulher. Desde sua preparação para o concurso público, seu maior foco eram as crianças. “Me lembro que até no Teste de Aptidão Física, eu já cansada e tudo que vinha na minha cabeça era a imagem deles”, se emociona.
Fora do mercado de trabalho por alguns anos, Amanda deixou a profissão de Administradora para se dedicar integralmente aos filhos. Inspiração do Mateus e da Ana Maria, Amanda é exemplo de determinação. Respectivamente, com 11 e 8 anos, as crianças se espelham na mãe nas pequenas atitudes.
“Os dois falam que querem ser polícia, em casa querem colocar a camiseta e o distintivo. Me sinto muito realizada, principalmente quando escuto meus filhos falando – mamãe vem me buscar na escola uniformizada – para mim isso é tudo, foi muito por eles”, desabafa.
A chegada da pandemia trouxe novos desafios e uma oportunidade de adaptação, vocabulário inclusive, muito frequente na rotina das mães.
Com aulas presenciais alternadas e muitas atividades remotas, Amanda se divide para dar conta de todo o recado. “O apoio da minha família e amigos têm sido fundamentais em todo esse processo, mas eu chego no final do dia, com a sensação de mais um dever cumprido”, afirma.
Com a rotina puxada, o expediente do Grupo já começa às 06h30, mas a vaidade é outro cuidado que ela não abre mão, “acordo antes mesmo das 05h para fazer meu coque no cabelo, uma maquiagem e colocar toda a vestimenta com calma”, conta.
Nas horas vagas, o que mais gostam de fazer é assistir filmes, ir a parques e comer fora, mas o que realmente importa é a presença um do outro.
O exemplo de Amanda se resume à palavra Guerreira, que assim como ela, muitas mães têm conquistado seu espaço com esforço, enfrentando os obstáculos da vida de frente e vencendo cada batalha com um grande propósito: oferecer sempre o melhor para os filhos. O principal papel que assumem, instantaneamente, é moldar e transformar pessoas.
Com muita fé no coração, a servidora da Agepen traz consigo o sentimento de dever cumprido. “Nunca percam a esperança de lutar pelos seus sonhos, nunca é tarde para decidir estudar”, finaliza.
O diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, destaca que a força feminina transforma o ambiente de trabalho. “As mulheres possuem um papel fundamental na sociedade e no sistema prisional, proporcionando mais equilíbrio e organização”, afirmou parabenizando todas as mães que fazem parte da agência penitenciária de Mato Grosso do Sul.
Texto: Tatyane Santinoni.
Fotos: Agente Taciane Peres – EPFIIZ.