Realizado por meio de parceria da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), o projeto “Revitalizando a Educação com Liberdade”, que utiliza mão de obra de reeducandos na reforma de escolas da Rede Estadual de Ensino, proporciona importantes avanços e alcança alto índice de aprovação entre professores e alunos.
Na Escola Estadual Profª Joelina de Almeida Xavier, no bairro no Jardim Guanabara, por exemplo, neste um ano após a obra ser entregue, foi identificado que o projeto trouxe impactos positivos para toda a comunidade envolvida, com destaque para as condições de trabalho e desempenho dos alunos, a inclusão de mais atividades, lazer e melhoria das aulas, cujas mudanças foram a base para a satisfação dos envolvidos.
É o que aponta levantamento realizado pela ESAN (Escola de Administração e Negócios) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a pedido do juiz Albino Coimbra Neto, da 2ª VEP ( Vara de Execução Penal) de Campo Grande, idealizador do projeto. O intuito foi obter um levantamento técnico dos impactos que a atuação do projeto causou na comunidade escolar contemplada com a reforma.
Sobre os impactos causados, a análise levantou que a reforma do pátio permitiu a inclusão de projetos de artes plásticas, cinema, teatro, futsal feminino e tênis de mesa. Outra mudança foi a disponibilização de um laboratório móvel que, graças à estrutura atual, pode circular pela escola, o que ampliou bastante a oportunidade de uso deste recurso. A lotação é máxima e não há mais vagas disponíveis.
O estudo indicou também que a motivação dos professores cresceu, visto que podem incluir novas atividades no planejamento e utilização de mais espaços, com a biblioteca que antes não existia.
Os entrevistados narraram que não houve nenhum problema com os detentos, inclusive alguns presos até pediam livros para levar ou se informaram o que era necessário para se matricular na escola. Ao término da obra, os estudantes fizeram uma carta de agradecimento aos detentos demonstrando a gratidão pela revitalização da escola.
Outra verificação foi que a reforma trouxe impactos em diversos elementos do ambiente escolar, como os alunos que têm demonstrado um senso de conservação do espaço, as novas atividades foram recebidas de forma muito positiva e a percepção dos alunos que as aulas ministradas pelos professores estão melhores.
Os intervalos também são mais atrativos. Em virtude da qualidade da infraestrutura da biblioteca, com puffs e climatização, muitos alunos preferem estar na biblioteca do que no pátio. O espaço foi uma reivindicação dos alunos, que até então não tinham espaço para pesquisar e estudar. Com relação aos resultados escolares, os professores também apontaram avanço e melhoria no aprendizado.
Saiba mais
O Revitalizando a Educação com Liberdade é executado por meio de parceria da Agepen com o Tribunal de Justiça, Conselho da Comunidade e a Secretaria Estadual de Educação (SED).
Além da mão de obra de detentos, os materiais utilizados são custeados a partir do desconto de 10% no salário de internos que trabalham em Campo Grande, depositados em uma conta gerenciada pela 2ª VEP.
Pelo trabalho, os internos recebem um salário mínimo mensal pago pela Secretaria de Educação, além de um dia na remição na pena a cada três de serviços prestados, conforme prevê a LEP (Lei de Execução Penal).
Ao todo, 13 escolas reformadas já foram entregues pelo projeto. Está marcada para o dia 26 de abril, às 9 horas, no Núcleo Indubrasil, a solenidade de entrega da reforma da E.E. Ulisses Serra, 14ª instituição de ensino contemplada pelo “Revitalizando a Educação com Liberdade”. A obra se concentrou no período de férias escolares e foi concluída recentemente.
Sobre a pesquisa
A pesquisa revelou que o nível de satisfação entre os professores entrevistados foi de 100%. Já entre os alunos chegou a 75%, com apenas 5% de insatisfeitos. A técnica adotada foi a Quali/Quanti.
A amostra compreendeu entrevista em profundidade com a diretora e docentes, além de questionário estruturado aplicado a 135 estudantes do 6º ao 9º ano. A mensuração do nível de satisfação utilizou a métrica NPS (Net Promoter Score), amplamente utilizada por grandes empresas no mundo.
A pesquisa foi realizada pelo professor Dr. Filipe Quevedo Silva, da ESAN/UFMS, e pelo acadêmico Pedro Afonso Malo Zanetoni – PIBEXT – ESAN/UFMS.
A conclusão foi que a reforma proporcionou um alto nível de satisfação tanto para docentes como para alunos, que recomendam o projeto a outras escolas. Não só a utilização de novos espaços, mas também a preservação foi algo fundamental para a escola.
Com informações do TJMS.