Dois Irmãos do Buriti (MS) – Cantar ajuda a liberar as tensões e ansiedades, melhora a autoestima e serve também para sentir o poder libertador que a música proporciona. Com essa proposta, foi realizado na semana passada o 1º Festival da Canção para os internos da Penitenciária de Dois Irmãos do Buriti (PDIB). A cada estrofe cantada, a esperança de um recomeço diferente das escolhas que os levaram a ultrapassar a linha do “submundo da criminalidade” e hoje fazem com que passem os dias e as noites no presídio.
A iniciativa foi realizada pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), com o apoio Conselho da Comunidade de Aquidauana e da Pastoral Evangélica Carcerária da cidade de Dois Irmãos do Buriti, que disponibilizaram as camisetas e a aparelhagem de som para o festival.
De acordo com o idealizador do festival da canção, agente penitenciário Silvânio Queiroz, que atua como chefe de segurança na PDIB, o projeto teve por objetivo proporcionar um momento diferente aos custodiados. “Acreditamos que essas ações de reinserção atuam também como forma preventiva, que podem trazer resultados até para as questões da segurança”, destaca. “Por isso devemos desenvolver atividades na unidade com os internos”, completa.
Com a música “O tempo não para”, eternizada na voz de Cazuza, o interno Antônio da Silva Salabert, 35 anos, superou os outros 31 candidatos e conquistou o primeiro lugar no concurso. Segundo o vencedor, o projeto trouxe descontração na vida dos participantes. “A escolha dessa música me fez refletir mais sobre a minha família e as pessoas que estão lá fora. A música alivia, traz reflexão e romantismo para as pessoas”, declara.
O segundo lugar ficou com Cláudio Rodrigues do Nascimento, de 31 anos, e a terceira colocação com o detento Gustavo Rolon Aguiar, 29 anos. Os três primeiros colocados receberam premiação simbólica oferecida pela unidade prisional.
Para o diretor da penitenciária, Paulo Inverso Elias, a iniciativa contribui para conhecer a personalidade de cada uma e levá-los ao autoconhecimento, além trabalhar as questões ligadas à disciplina e à segurança do estabelecimento penal. “Também ajuda na convivência entre eles”, afirma.
Outro fator positivo, aponta a coordenadora do projeto, psicóloga Sâmela de Mattos Gimenez, foi a participação de toda a equipe de servidores da unidade prisional para que o projeto fosse executado, fortalecendo o trabalho conjunto. “O trabalho em equipe fluiu, todos estavam envolvidos de forma colaborativa, cada um com seu papel, mas todos integrados, o que é muito bom para o desenvolvimento organizacional da unidade”, destaca.
Segundo o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, o Governo do Estado, por meio da agência penitenciária, tem buscado promover iniciativas que possibilitem a reinserção social das pessoas que estão em situação de prisão, e que a atividade desenvolvida na penitenciária de Dois Irmãos do Buriti é uma forma de inclusão. “Eventos culturais ajudam a proporcionar um ambiente mais harmonioso ao local, pois a música é um tratamento para a alma, traz paz e alegria”, finalizou o dirigente.