A campanha mundial Outubro Rosa foi desenvolvida em unidades penais da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), em Mato Grosso do Sul, levando maior conscientização e esclarecimento sobre a importância da prevenção e do autoexame como fatores de sucesso no combate ao câncer de mama.
Por meio de parcerias, foram desenvolvidas palestras, ações de saúde, orientações sobre o autoexame, distribuição de materiais explicativos e atenção aos cuidados pessoais. As atividades também abordaram o diagnóstico precoce do câncer de colo de útero e foram organizadas pela direção e o setor psicossocial dos presídios, seguindo os protocolos de biossegurança.
Na capital, uma live foi transmitida às internas do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ) e contou com a participação das senadoras Simone Tebet e Soraya Thronicke, e da promotora de Justiça da Saúde Pública de Campo Grande, Filomena Fluminhan.
A representante do Ministério Público citou estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), que mostra o câncer de mama como uma das maiores causas de morte de mulheres no mundo, e no Brasil lidera esse ranking.
“O conhecimento pode prevenir muito e ajudar mulheres a encontrarem o diagnóstico precoce. Os exames e acompanhamento devem ser realizados, preferencialmente, de 50 a 69 anos, anualmente; já, a partir dos 25 anos, é necessário a realização do exame preventivo para a detecção do câncer de colo de útero. O autoexame mensal é um ato de amor e pode salvar vidas; além disso, a alimentação saudável e a prática de atividade física são fatores importantes na prevenção”, reforçou Filomena.
Já as senadoras gravaram um vídeo incentivando o cuidado com a saúde da mulher. “Não tenham medo de fazer o autoexame, se toquem e percebendo que tem alguma coisa, procurem ajuda. Hoje o tratamento de câncer tem medicamentos muito mais modernos e eficazes que antes”, explicou Simone Tebet.
A parlamentar citou, ainda, que teve a oportunidade de conhecer a unidade penal de perto, no mandato como vice-governadora, e foi baseado nessa realidade que informou ter apresentado um projeto no Senado Federal e que virou lei no final de 2018, referente à progressão de pena de gestantes e mulheres com filhos até 12 anos de forma mais rápida para o regime domiciliar, para que pudessem cuidar de seus filhos.
A senadora Soraya Thronicke destacou que o câncer de mama e de colo de útero são os de maior incidência e, se detectado precocemente, o câncer de mama tem cerca de 95% de chance de cura.
No encontro, foram abordados tópicos como causas, sinais e sintomas, tratamento, diagnóstico precoce e indicadores relacionados ao câncer de mama. A palestra foi ministrada pela enfermeira da equipe de saúde, Alana Katrine.
A diretora do EPFIIZ, Mari Jane Boleti Carrilho, agradeceu a participação de todos os colaboradores e informou às internas que o laço da campanha representa a força interior que a mulher tem, e a cor rosa, forte e vibrante, simboliza características marcantes da feminilidade.
A ação foi organizada pelas servidoras, psicóloga Lileia Souza Leite e assistente social Cristiane Soares Camargo. Durante o evento, as reeducandas ganharam máscara temática e o lacinho rosa alusivo à campanha.
Já no presídio feminino de regime semiaberto e aberto da capital foram realizadas montagem de painéis, palestras ministradas por profissionais da saúde como médicos e psicólogos, além de distribuição de sutiãs às reeducandas, dinâmicas em grupo e sessões de cinema com filmes relacionados ao tema.
Igualdade
Em respeito à diversidade sexual e proporcionando acesso à informação, a ação alusiva à campanha também foi desenvolvida com a população LGBT custodiada no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG). Dentre as atividades, foi realizada uma roda de conversa interativa, por videoconferência, com destaque ao segmento de transexuais e travestis.
Ministrada pelo ginecologista e obstetra, Ricardo dos Santos Gomes, foram abordados e sanadas dúvidas sobre os temas hormonização e saúde das mulheres trans. O especialista, que atua como chefe do setor Materno Infantil e Saúde da Mulher do Hospital Universitário e é membro do serviço de Atenção ao Aborto Legal e Violência Sexual, explicou que o transexual também pode desenvolver o câncer de mama.
O encontro teve como objetivo compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença; proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.
A proposta foi elaborada pela servidora, assistente social Liliane Amarilha, em conjunto com o professor da Faculdade de Medicina da UFMS, enfermeiro Everton Lemos, e contou com o apoio do setor de saúde do IPCG, enfermeira Christiane Ramires.
Interior
Outubro é um mês dedicado a ressaltar os direitos e a importância de olhar com atenção para a saúde da mulher, aumentando as chances de cura e reduzindo a mortalidade. Nos presídios femininos do interior não foi diferente e, para o desenvolvimento das ações, contou com a parceria de instituições privadas e públicas, como as Secretarias Municipais de Saúde. As ações foram organizadas pelo Setor Psicossocial de cada presídio, com o apoio dos profissionais de saúde que atuam nas unidades.
Em São Gabriel do Oeste, internas tiveram a oportunidade de fazer esclarecimentos sobre a saúde da mulher e a prevenção do câncer de mama através de uma palestra ministrada pela técnica de enfermagem Gizela Helena Fonseca Moreira.
Com o tema “A importância do toque”, a palestra abordou assuntos sobre: o que é, sinais e sintomas, prevenção, diagnósticos, tratamento e autoexames das mamas. Ao final da palestra foi sorteado kits de maquiagem visando a valorização da autoestima das reeducandas que cumprem pena na unidade penal.
No Estabelecimento Penal Feminino de Três Lagoas, a psicóloga Tatiane Cristine Lima, que é especialista em atender pessoas diagnosticadas com câncer, também abordou a questão da autoestima. Ao final, foi distribuída uma lembrancinha às reeducandas e servidores, além do tradicional broche do lacinho rosa.
Para encerrar as atividades, nesta sexta-feira ( 30.10), foi promovida uma palestra com a advogada Ana Cláudia Conceição e pelo médico Gilson B. Guimarães, ambos voluntários da Rede Feminina de Combate ao Câncer em Três Lagoas. Eles falaram sobre a importância da prevenção, do autoconhecimento, dos cuidados pessoais com a saúde, entre outros assuntos alusivos ao tema, houve grande interesse por parte das internas, com muitos questionamentos.
Todas as internas receberam um panfleto da Campanha Outubro Rosa e uma máscara de tecido lavável, ofertados pela Rede Feminina.
“Essas ações são extremamente importante, pois levam a informação e o conhecimento a todas as mulheres em privação de liberdade, e que, às vezes, quando em liberdade muitas nem tiveram acesso a esse tipo de conhecimento”, comentou a diretora do EPFTL, Leonice Rocha Guarini.
Na unidade prisional também é desenvolvido um projeto em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, coordenado pela Professora Doutora Julie Massayo Maeda, no qual é feito, periodicamente, exame preventivo de cólo de útero de todas as reeducandas, possibilitando desde a detecção de problemas simples e sem grandes complexidade ao diagnostico de um câncer, e assim, consequentemente, é propiciado o devido tratamento em todos os casos.
Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, a campanha “Outubro Rosa” junto à população privada de liberdade conscientiza e fomenta iniciativas em prol da prevenção do câncer de mama. “É isso que a Agepen busca, desenvolver um tratamento mais humanizado aos custodiados da melhor forma possível, para isso, precisamos da adesão da população carcerária e temos obtido êxito nesse quesito”, destaca o dirigente.
As ações nas unidades penais são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen, por meio de suas divisões de Saúde, Educação e de Promoção Social.
Tatyane Santinoni.