Ponta Porã (MS) – Uma horta instalada no Estabelecimento Penal Masculino de Regimes Semiaberto, Aberto e de Assistência aos Albergados de Ponta Porã (EPRSAAA-PP) está garantindo não só trabalho digno e produtivo aos detentos, como também complemento saudável na alimentação servida em creches, asilo e em instituições como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e a casa de apoio a pessoas portadoras de HIV da cidade.
A ação social faz parte de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da direção do presídio, a Pastoral Carcerária e Conselho da Comunidade. As duas instituições parceiras da agência penitenciária fornecem os insumos necessários para a produção das hortaliças.
Atualmente, 15 reeducandos trabalham no local e recebem um dia de remição na pena a cada três de serviços prestados. Além da diminuição no tempo de prisão, a lida com a terra é garantia de conhecimento adquirido para uma nova profissão que poderá assegurar renda lícita quando deixarem o presídio, conforme afirma o reeducando José Aparecido Defendi, um dos produtores. “Também ajuda a gente ocupar a cabeça e não pensar em coisa errada”, afirma. “Ainda mais sabendo que o que a gente produz ajuda pessoas que realmente precisam”, completa.
Instalada no início do ano passado, recentemente a horta recebeu ampliação no espaço, com o objetivo de aumentar a produção e assegurar mais vagas de trabalho aos custodiados, além de poder contribuir de maneira mais significativa com as instituições, informa o diretor da unidade prisional, José Hilton Lacerda. Com atuais 1.163 m² de área, no local são plantadas diversidades de hortaliças e verduras, entre elas alface, rúcula, salsinha e cebolinha.
Conforme Lacerda, o estabelecimento penal também possui espaço destinado à instalação de oficinas de trabalho, possibilitando que os internos exerçam trabalho remunerado no próprio presídio por meio de convênios com empresas. “Estamos buscando parcerias com empresários, no sentido de ‘empregar’ muitos deles aqui mesmo”, informa.
A diretora de Ação Social da Casa de Apoio a Pessoas Vivendo com HIV (GAPE), de Ponta Porã, Eda Aparecida Gonzalez de Souza, ressalta que as verduras são fundamentais na alimentação servida no local, que atende a pessoas com a saúde fragilizada. Na casa de apoio, são servidas, em média, 70 refeições por semana. Conforme a diretora, algumas hortaliças são repassadas também a portadores de HIV carentes, para se alimentarem em suas residências. “A ajuda do presídio é muito positiva, e ficamos muito felizes de sabermos que as verduras são resultado do trabalho de internos, que eles estão se ocupando com uma coisa tão boa”, diz.
Para o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, a iniciativa de doar hortaliças a instituições filantrópicas do município é uma forma de contribuir com a comunidade diretamente. “O trabalho social é importante para mostrar à sociedade que o sistema penitenciário pode ajudá-la de alguma forma, além do que estamos dando trabalho aos custodiados, os ocupando produtivamente”, enfatiza.
Stropa destaca ainda a importância de parcerias, como a da Pastoral Carcerária e do Conselho da Comunidade, no sentido de contribuir para a ressocialização dos detentos. “Importante ressaltar também o empenho dos diretores e equipes de servidores, que não medem esforços para desenvolver iniciativas que contribuem a redução da reincidência criminal em nosso estado”, finaliza.