Campo Grande (MS) – A delicadeza e o encanto dos trabalhos artesanais são capazes de inspirar muitas mulheres e os torna uma excelente alternativa para presentear no Dia das Mães. Quem busca peças únicas e técnicas diferenciadas de artesanato precisa conhecer a Feira do Artesão Livre – Especial Dia das Mães, que está em sua 10ª edição e acontece até amanhã (10.5), no Fórum de Campo Grande.
Com preços que variam entre R$ 5,00 e R$ 300,00, todas as peças são confeccionadas por pessoas em privação de liberdade de diferentes unidades penais de Mato Grosso do Sul. Além de adquirir um belo artesanato, também contribui na ressocialização de apenados, incentivando o trabalho digno como fonte de renda lícita.
Durante a cerimônia de abertura da feira, realizada nessa quarta-feira (8.5), os depoimentos das internas, que cumprem pena no regime semiaberto, sobre a importância de uma oportunidade emocionaram quem estava presente.
“Não tenho vergonha de assumir que errei, mas é necessário a gente aceitar e recomeçar tudo de novo. Sou costureira, sou artesã e tive oportunidade de trabalhar em uma obra, uma experiência nova para mim e acredito que ainda serei motivo de orgulho para os meus filhos”, revela a reeducanda Felícia Aquino, “queremos mostrar que somos capazes de mudar sim, precisamos apenas de oportunidade”, complementa.
A interna Marilda Aurora de Campos agradeceu todo o apoio que recebeu durante sua trajetória de superação. “As minhas conquistas eu dedico primeiramente à Deus, infelizmente precisei descer para enxergar a vida com outro olhar e hoje estou subindo de novo graças às pessoas que acreditaram em mim”, afirma.
A feira acontece por meio de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Poder Judiciário, Ministério Público e Conselho da Comunidade da capital.
O objetivo é expor à população trabalhos desenvolvidos pelos detentos nas unidades prisionais, possibilitando a capacitação na área de artesanato e a noção de disciplina por meio do trabalho; comercialização das peças e geração de renda para pessoas em situação de privação de liberdade.
A titular da 50ª Promotoria de Justiça, promotora Jiskia Sandri Trentin, agradeceu a colaboração de todas as pessoas que participam da ação. “Esse projeto começou como uma sementinha há cinco anos e foi crescendo, tudo isso porque tem o envolvimento de muita gente boa, bem-intencionada, trabalhadora, que não se conforma, que quer fazer algo a mais pelo próximo, por amor ao próximo. Com atos simples cada um vai contribuindo da sua forma e a seu modo para ajudar a construir um mundo um pouco melhor”, destaca.
Este ano, a nova logomarca utilizada para divulgação do evento também foi realizada pelas mãos de um reeducando. O desenho foi escolhido após um concurso entre os custodiados dos presídios da capital e contou com 47 inscritos. Durante o evento, os melhores trabalhos do concurso foram emoldurados e estão expostos na feira.
Segundo o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, o intuito do projeto é aproximar a sociedade de algumas atividades laborais desenvolvidas nos presídios do estado. “São depoimentos como esses que ouvimos hoje que nos alavanca, nos incentiva para mostrar que nosso trabalho está sendo realizado da melhor forma possível”, afirmou, agradecendo a atuação dos agentes penitenciários e das instituições parceiras.
Dentre as peças em exposição estão tapetes, esculturas, quadros, crochê, arte em tecidos, etc., confeccionadas por detentos do Instituto Penal de Campo Grande, Presídio de Segurança Máxima, Centro de Triagem, Presídio de Trânsito, Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” e presídio feminino de regime semiaberto da capital.
A novidade é que estão à venda peças em porcelana pintadas a mão, confeccionadas por reeducandos que participam do grupo de arteterapia, desenvolvida com os internos de medidas de segurança e com indicação de psicoterapia. Além de artesanatos produzidas por reeducandos do Estabelecimento Penal Masculino de Regime Fechado de Ivinhema.
Cliente assídua da feira, a servidora pública Valéria das Neves Simões (foto capa), encontra na exposição uma forma de estimular a reinserção social dos custodiados através do trabalho. “Por isso é importante estarmos prestigiando esse evento, adquirindo as peças que inclusive são de um extremo cuidado, pinturas bem precisas, de extrema delicadeza e muito bom gosto; além dos preços bem acessíveis e que estimulam bastante a compra. Fiquei realmente surpresa com os artesanatos, de qualidade”, garante Valéria.
Também participaram da solenidade de abertura o superintendente de Segurança Pública e Políticas Penitenciárias, Kleber Haddad; o coordenador do Núcleo de Execução Penal, defensor público Paulo Patuto; a promotora de justiça, Renata Ruth Goya; a presidente do Conselho da Comunidade de Campo Grande, promotora Regina Dornte Brock; além de chefias de áreas e diretores de unidades da Agepen.
Quem tiver interesse em conhecer a Feira do Artesão Livre pode ir até o Fórum de Campo Grande, que está localizado na Rua da Paz, nº 14 – Jardim dos Estados. A exposição acontecerá até amanhã (10.5), das 12h às 18h, e são aceitos cartões de débito e crédito.
Texto e Fotos: Tatyane Santinoni.