Jateí (MS) – Entre linhas, agulhas e máquinas, reeducandas do Estabelecimento Penal Feminino “Luiz Pereira da Silva”, em Jateí, receberam este mês a oportunidade de se capacitar para o mercado de trabalho e conquistar uma profissão digna para quando deixarem prisão.
O curso de corte e costura é uma das capacitações profissionais que vêm sendo realizadas no presídio, por meio de parceria entre Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), através da Diretoria de Assistência Penitenciária, e o Sindicato Rural Patronal do município.
A iniciativa corresponde à missão da agência penitenciária em concretizar ações de promoção e desenvolvimento das capacidades do indivíduo, propiciando condições de concorrência igualitárias no retorno ao mercado de trabalho.
Com 80 horas/aula, a qualificação foi ministrada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e teve a participação de 12 internas. O curso foi dividido em duas etapas: modelagem e corte e costura.
“Foi muito gratificante participar deste curso, a oportunidade de aprender é renovadora. Aprendemos a tirar medida, fazer os moldes, moldar as peças, cortar, alinhavar, chulear, fazer costura reta e manusear a máquina de costura”, garante a custodiada Liana Ribeiro, 39 anos.
Para as detentas, o conhecimento adquirido no curso pode representar um recomeço longe da criminalidade. “Acredito que, futuramente, posso melhorar minha vida familiar e aumentar minha renda financeira, costurando para minha família e para comercializar”, afirma Rosa Maria, 48 anos.
Segundo a diretora do presídio, Solange Pereira da Silva, o objetivo é oferecer uma nova oportunidade de reinserção na sociedade. “Elas poderão costurar em casa ou conseguir uma colocação no mercado de trabalho. Além disso, as detentas recebem remissão na pena, de acordo com as horas que participaram dos cursos”, acrescenta.
A diretora destaca que a inserção das reeducandas em projetos de capacitação profissional reflete diretamente na melhoria comportamental dentro da prisão, “já que a mente está ocupada com o trabalho”.
Para o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, os cursos oferecidos no presídio de Jateí são resultados de uma “conjugação de esforços” de parceiros importantes, da direção do estabelecimento prisional e da equipe de servidores, que abraçaram como causa oferecer oportunidade de recomeço para mulheres que, por algum motivo, se inseriram na vida do crime.
“Permitir que essas capacitações ocorram na unidade prisional contribui para que as custodiadas construam novos valores e não reincidam na prática delituosa”, frisa Stropa.
Os cursos de qualificação profissional ofertados a custodiados da Agepen são coordenados pela Diretoria de Assistência Penitenciária, por meio da Divisão de Educação que acompanha as ações de parceria, atuando junto às instituições e estabelecimentos penais no fornecimento de suporte às qualificações.
Cursos capacitaram 300 custodiados
O diretor da DAP, Gilson de Assis Martins, informa que neste ano, as parcerias com instituições possibilitaram a capacitação profissional de aproximadamente 300 custodiados. “Só na unidade penal de Jateí foram capacitadas 47 custodiadas”, detalha.
Conforme Gilson, para o segundo semestre deste ano, está prevista a realização do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que oferecerá 1.180 novas vagas. “Além disso, vamos implementar 14 novas oficinas nas áreas de corte e costura, marcenaria, serralheria e padaria, por meio do PROCAP [Programa de Capacitação Profissional, do Ministério da Educação]”, finaliza.