Corumbá (MS) – Internas do Estabelecimento Penal Feminino “Carlos Alberto Jonas Giordano” (EPFCAJ), em Corumbá, integrantes do projeto “Xadrez que Liberta”, conseguiram ficar entre as melhores atletas do Estado no esporte que exige muito raciocínio lógico, concentração, habilidade e conhecimento. O torneio foi realizado pela Federação Sul-mato-grossense de Xadrez, no último final de semana, e reuniu concorrentes de várias partes do Estado. Três detentas participaram a disputa.
A reeducanda Tatiane Lima da Silva superou várias outras adversárias e se consagrou como vice-campeã na disputa. O terceiro lugar também foi de uma custodiada do sistema prisional, Giovanna Melby Prieto, que cumpre regime semiaberto na Cidade Branca. A outra interna participante, Lilian Trindade de Abreu, também ficou bem, chegando ao sexto lugar.
As três detentas foram classificadas para o torneio, realizado no Fórum de Corumbá, após um campeonato interno no presídio. Durante o Torneio estadual, também foi realizada apresentação do Coral “Vox in Libertae”, formado por reeducandas o EPFCAJG, que tiveram autorização do Poder Judiciário para saírem do presídio. Tanto as internas que competiram, quanto às do coral foram acompanhados por agentes penitenciários da Segurança e Custódia.
O projeto “Xadrez que Liberta” teve início em abril deste ano no presídio feminino de Corumbá e foi idealizado o juiz da Vara de Execução Penal da Comarca, André Luiz Monteiro, sendo realizado por meio de parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Conselho da Comunidade e Federação Estadual de Xadrez. Através da iniciativa, 16 reeducandas receberam capacitação do Clube de Xadrez Pantanal para apreenderem as técnicas do jogo.
“O xadrez é importante na vida do ser humano porque é um jogo que envolve lógica, raciocínio e estratégia. A pessoa que joga xadrez adquire um senso muito prático de organização e concentração, além de desenvolver a sua memória, inteligência e imaginação”, destaca o magistrado, que aposta na iniciativa como um meio de reinserção social. “Em vários países, o xadrez é utilizado de maneira pedagógica. Trouxemos para o presídio feminino para tentar estimular a questão referente ao estudo. O xadrez consegue estimular isso e deixa a pessoa mais calma. Foi uma tentativa e estamos obtendo resultados”, afirma.
Já a diretora do EPFCAJG, Anelize Lázaro de Lima, garante que a iniciativa tem ajudado a preencher a ociosidade. “Ameniza e motiva uma melhor resolução de conflitos e interação entre os pares, preparando, assim, as pessoas para lidar com as mais variadas situações em suas vidas”, diz.
Para o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, a concretização de mais esse projeto demonstra o entrosamento entre a direção do presídio, a Vara de Execução Penal e o Conselho da Comunidade local. “Essa parceria tem sido muito importante para que o presídio feminino de Corumbá evolua cada vez mais, com resultados concretos não só nessa, como em outras ações envolvendo pessoas da comunidade com a questão das mulheres privadas de liberdade, o que sempre contribui para a reinserção social”, finaliza.