Coxim (MS) – Custodiados da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) trabalharam na reforma da nova sede do Instituto Médico Legal (IML) de Coxim. Ao todo, cinco internos do presídio de regime fechado do município realizaram a obra, que foi inaugurada nessa terça-feira (10.4).
O antigo IML funcionava em um espaço anexo ao Estabelecimento Penal Masculino de Coxim (EPMC); já a nova área está instalada junto ao hospital municipal. “A presença do IML no presídio acabava atrapalhando também a rotina de segurança, e essa separação total traz uma tranquilidade maior nos desenvolvimentos dos nossos trabalhos”, destacou o diretor da unidade penal, Edílson Ferreira, que coordenou a execução das obras pelos presos, com o apoio da equipe de servidores penitenciários.
Custeada com recursos do Conselho de Segurança de Coxim, a obra também proporcionou capacidade para melhor atendimento à população local nos serviços prestados pela equipe da Coordenadoria de Perícias, além de ter representado economia aos cofres públicos e servir de exemplo de reinserção social de apenados.
“Iniciativas como esta demonstram o compromisso do sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul em proporcionar mecanismos de reinserção social, comprometendo-se também a contribuir diretamente com benefícios a toda a população, destacou o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves. “Isso tem maior efetividade por meio de parcerias”, complementou, agradecendo a todos os colaboradores.
A reforma durou cerca de 70 dias e consistiu na revitalização da parte elétrica, hidráulica, de alvenaria, troca de janelas e de telhas, instalação de portas, construção do muro, do estacionamento, de calçadas, além de uma área nos fundos, entre outras ações.
Os detentos que trabalharam na obra também já atuaram na reestruturação da delegacia de Coxim no ano passado. Dois continuam presos em regime fechado e puderam participar da solenidade de inauguração. Pelos serviços prestados, todos receberam a remição de um dia da pena a cada três trabalhados, conforme estabelece a Lei de Execução Penal.
Preso há três anos, Valdecir Teodoro, de 36 anos, utilizou seu conhecimento nas áreas de pedreiro, carpinteiro e soldador para dar forma à obra e contribuir ensinando outros detentos. “Essa oportunidade de sair do presídio para trabalhar foi muito importante. A confiança que nos foi dada me fez dar ainda mais valor ao trabalho e à liberdade”, agradeceu o interno.
O reeducando José Augusto dos Santos, 44 anos, contou que, junto com seu companheiro de cárcere, trabalhou com muito afinco para que finalizassem todo o serviço em curto espaço de tempo. “Eram oito horas de trabalho diário, isso foi bom por ocupar nossa mente e é gratificante saber que contribuímos de alguma forma com a sociedade”, disse.
Presente no evento, o desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques, ressaltou que é essencial dar oportunidade de trabalho para que as pessoas privadas de liberdade possam retornar à sociedade de forma recuperada. O magistrado pontuou, ainda, que a escolha dos internos para a colocação no mercado de trabalho é feita com critérios rigorosos de comportamento.
A juíza da comarca de Coxim, Tatiana Dias de Oliveira Said, classificou a realização da obra no IML como uma oportunidade de mostrar a qualidade do serviço dos detentos, e incentivar autoridades e a sociedade local a ter esse olhar. “É necessário que o poder público municipal assine convênios para ocupar a mão de obra prisional em outras obras públicas. Acreditamos no trabalho do preso e a sociedade precisa acreditar também, para que a ressocialização e o combate à reincidência criminal realmente aconteçam”, afirmou.
Com a retirada do IML da área do presídio, o espaço agora será aproveitado pela unidade prisional com novos alojamentos para abrigar a massa carcerária local. Além disso, o estabelecimento penal está recebendo a ampliação de outras 144 novas vagas.
Texto: Keila Oliveira e Tatyane Santinoni.