Campo Grande (MS) –“Porta de entrada” do sistema prisional em Campo Grande, o Presídio de Trânsito (Ptran) é considerado estratégico para o enfrentamento à dependência química entre a população carcerária. Diante disso, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) está desenvolvendo no estabelecimento penal um grupo de autoajuda, específico para as pessoas em privação de liberdade que enfrentam problemas com as drogas.
Coordenado pela Diretoria de Assistência Penitenciária, através da Divisão de Promoção Social, o “Projeto de Enfrentamento à Dependência Química no Ambiente de Cárcere” acontece no Ptran há três meses, sob responsabilidade do setor psicossocial. O trabalho é baseado nos 12 Passos dos Narcóticos Anônimos e na dialética do “ensinar-aprender”, proporcionando uma interação entre as pessoas, na qual tanto aprendem como também são sujeitos do saber, mesmo que seja apenas pela própria experiência de vida.
De acordo com a chefe da Divisão de Promoção Social, Alessandra Siqueira, com o Presídio de Trânsito, a Agepen conseguiu contemplar a realização sistematizada do projeto em todas as unidades prisionais da Capital. “Tínhamos o Ptran, que é uma unidade destinada a presos primários e processados, como um dos principais focos para que o custodiado que tem essa dependência receba o acompanhamento desde a sua inserção na prisão e possa dar continuidade no presídio para onde for transferido”, destaca, ressaltando que a ação também já é desenvolvida em alguns presídios do interior. “Estamos fazendo a expansão desse trabalho sistematizado de forma gradativa”, complementa.
No Presídio de Trânsito, o grupo atualmente é composto por oito integrantes. As reuniões acontecem todas as quartas-feiras, no período da manhã, sob a coordenação da agente penitenciária da área de Psicologia, Naed do Carmo Pires. Uma vez por mês os encontros contam também com o apoio do Grupo de Narcóticos Anônimos, que dão suporte aos trabalhos.
Para o diretor do Ptran, Claudiomar Suszek, o enfrentamento à drogadição é muito relevante, principalmente por que a unidade possui em sua massa carcerária uma população extremamente jovem. O dirigente reforça que, sendo um presídio de alta rotatividade, é fundamental promover atividades que possam ter continuidade para onde, eventualmente, o custodiado for transferido.
Esse trabalho sistematizado integra as ações de tratamento penal e reinserção social em Mato Grosso do Sul, conforme enfatiza o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves. “O uso da droga e a sua dependência é um dos grandes fatores que levam ao cometimento de crime, ou seja, é essencial trabalharmos também esta questão para a efetiva reinserção social”, argumenta.
Com isso, a importância dada aos grupos de enfrentamento à dependência química dentro do sistema penitenciário é um grande diferencial, reforça Aud Chaves. “O foco é proporcionar mudanças na vida deles, mesmo porque é um momento de conscientização sobre o uso abusivo das drogas e suas consequências negativas”, finaliza o diretor-presidente.
Além do trabalho feito no interior dos presídios, ao conquistarem a liberdade, os assistidos pelo projeto ainda são orientados sobre os locais em que podem continuar o tratamento, seja em reuniões de Narcóticos Anônimos (NA) ou em comunidades terapêuticas mais próximas de suas residências.