O crochê como fonte de novas oportunidades. Com essa proposta, foi realizada uma oficina de capacitação no Estabelecimento Penal Feminino de Regime Semiaberto, Aberto e Assistência à Albergada de Campo Grande, uma atividade especial que une arte, reinserção social e geração de renda, representando uma ponte entre o presente e a esperança de um futuro diferente.
O curso de confecção de Amigurumi, arte japonesa de crochê, foi oferecido pelo Projeto Artesania, uma iniciativa da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), vinculada à Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), com apoio da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).
Conduzida pela artesã Alexandra Ferreira Sampaio, a oficina tem carga horária de 40 horas, distribuídas ao longo de cinco dias. A proposta é ensinar desde os pontos básicos do crochê até a confecção de peças em amigurumi, como capivaras e onças, aproximando as internas de uma nova possibilidade de trabalho.
“Elas chegam sem nunca ter feito crochê, então começamos do básico. Mas, à medida que aprendem, percebem o quanto podem criar com essa técnica: bichinhos, bonecas, utensílios… E tudo isso pode se transformar em renda no futuro”, contou Alexandra. “É também uma forma de terapia. Muitas descobrem aqui um talento que nunca imaginaram ter”, complementou.
A reeducanda E. M. de S., de 45 anos, foi uma das participantes da oficina. Mãe de seis filhos, ela já faz planos para aplicar o que está aprendendo. “Quero fazer bonecas para as minhas meninas e, quem sabe, vender também. Se alguma amiga se interessar, posso ensinar. Nunca tinha feito nada parecido. Está sendo muito válido.”
A interna já participou de outras formações dentro da unidade, como o curso de plantio de pomar, e está inscrita para um futuro curso de recepcionista. “É uma chance de aprender algo novo, ocupar o tempo com algo que pode mudar a vida lá fora”, afirma.
A diretora da unidade, Cleide Santos do Nascimento, destacou que a oficina foi pensada especialmente para se adaptar à rotina da prisão. “A atividade tem uma duração curta, mas o impacto é significativo. Consegue-se trabalhar dentro da carga horária disponível, reduz o tempo ocioso e, o mais importante, oferece uma alternativa concreta de geração de renda e empreendedorismo para essas mulheres”, pontua.
O curso já havia sido ministrado na unidade em novembro do ano passado e, pelo retorno positivo, foi retomado nesta edição do projeto. Para muitas internas, trata-se da primeira experiência com o artesanato — e, para algumas, a primeira vez que veem uma boneca ser feita à mão.