Campo Grande (MS) – Na manhã desta sexta-feira (10), técnicas da Gerência de Desenvolvimento Atividades Artesanais da Fundação de Cultura, Rejane Benneti e Rafaela Fraiha, cadastraram 23 internos do Estabelecimento Penal de Segurança Máxima de Campo Grande para receberem a Carteira Nacional do Artesão.
Para os internos, fazer artesanato além de ocupar o tempo ocioso também é uma oportunidade de remissão de pena, uma vez que a cada três dias confeccionando arte diminui um dia da pena. Já para a instituição penal é uma forma de manter e incentivar o bom comportamento dos internos.
Davi Sales, 39 anos, cumpre pena há três e disse que ria quando via as irmãs fazendo crochê, e dizia para elas irem trabalhar. “Hoje acontece o contrário elas é que riem de mim, quando me veem crochetando” disse ele às gargalhadas e emenda , “melhor que ocupa a cabeça, é uma terapia, melhor do que pensar em coisa ruim, até quando estou triste começo a fazer crochê para me distrair”. Davi também é cabeleireiro dentro do presídio, mas também que faz artesanato para ajudar a família com a renda obtida com o trabalho feito, que é cerca de 300 reais por mês.

Já para o interno Luiz Francisco Lima da Silva, de 29 anos, o artesanato é mais do que ocupar o tempo ocioso, “aqui eu aprendi a fazer artesanato como forma de remir a pena, a cada três dias, diminui um.” Silva está prestes a sair do estabelecimento penal, acredita que no ano que vem já vai para o regime semiaberto e está contando os dias para que isso aconteça, já que tem quatro filhos e uma esposa lhe esperando. Enquanto isso vai produzindo lindas peças de crochê, chegando a fazer uma média de 10 por mês.
E não são só os internos que ganham fazendo arte, o estabelecimento penal também. Com cerca de 80 internos fazendo artesanato, geralmente crochê, “o artesanato é um ponto positivo, geralmente eles não apresentam problema disciplinar”, aponta o agente penitenciário Flávio Rodrigues Marques que trabalha há oito anos dentro do estabelecimento penal.
“É um incentivo aos outros internos a manter o bom comportamento”, afirma Marques, que ainda diz que muitos querem ir para o artesanato para depois também poder executar outras funções dentro da instituição, como a cozinha, por exemplo.

O portador da Carteira Nacional do Artesão tem isenção no imposto (ICMS) do artesanato comercializado dentro do Estado, e redução de 17% para 11% quando vender para fora de MS. No próximo dia 14 de agosto as técnicas estarão no município de Coronel Sapucaia realizando esse cadastramento com os artesãos locais.
Por André Messias, da Fundação de Cultura.