Campo Grande (MS) – A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul iniciaram nesta segunda-feira (14) a reforma da 2ª maior escola estadual em número de alunos de Campo Grande pelo projeto Pintando e Revitalizando a Educação com Liberdade, que utiliza mão de obra e dinheiro de internos para a revitalização das instituições de ensino estadual da Capital. A Escola Estadual Padre José Scampini, localizada no bairro Coophavila II, é a quinta beneficiada pelo projeto que já gerou para o Estado uma economia de mais de 1,2 milhão de reais ao Estado.
Orçada em R$ 149 mil, a reforma terá duração de dois meses e gerará uma economia sem precedentes aos cofres públicos, visto que, uma obra nas proporções desta não sairia por menos de R$ 500 mil.
O recurso é proveniente da arrecadação do desconto de 10% do salário de cada preso da capital que trabalha por meio de convênios com o poder público, medida instituída pelo juiz da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, Albino Coimbra Neto. Com a verba arrecadada, é possível custear todo o material de construção, aluguel de equipamentos, caçambas de entulho, andaimes, alimentação dos operários e demais despesas. O Estado arca apenas com o salário e o transporte dos presos envolvidos na reforma.
O diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, esteve na escola acompanhando os trabalhos, e apontou a grande demanda de serviços que precisarão ser executados pelos custodiados. Durante a visita, Stropa destacou a importância do projeto para toda a sociedade, pois, além de proporcionar uma expressiva economia aos cofres públicos, ajuda a fomentar a educação com espaços mais estruturados aos estudantes e incentiva a reinserção social de detentos por meio do trabalho.
A revitalização do Scampini que conta com 1.600 alunos matriculados será o maior desafio enfrentado pelos presos até então, em razão da amplitude do espaço, explica o Diretor do Centro Penal da Gameleira, Tarley Cândido Barbosa, responsável pela execução do projeto.
Segundo Tarley, a equipe de 14 presos que trabalhará no local terá pela frente a reforma de 30 salas contando com o anfiteatro, além da quadra coberta, pátio, calçamento, muros, pintura geral, troca de vidros, reforma elétrica, hidráulica, além de projeto de acessibilidade que irá construir banheiros adaptados, guichê da secretaria e da cantina com acessibilidade para cadeirantes, rampas de acesso, instalação de piso tátil dentro da escola, ligando pontos importantes, como a secretaria, cantina e o anfiteatro. E todo trabalho precisa ser executado ao longo do período das férias escolares para não prejudicar o início do próximo ano letivo.
Estudam na instituição alunos do 5º ano fundamental ao 3º ano do ensino médio. A escola conta ainda com o projeto Seguindo em Frente para o 6º, 7º, 8º e 9º anos do ensino fundamental e o cursinho popular. Fundada em 1979, a última reforma aconteceu no ano de 2002 (pintura) e no ano de 2011 houve a elevação dos muros. No entanto, desde sua criação, nunca passou por uma reforma geral como esta.
Não é à toa que os alunos apelidaram a escola de “scampodre”. Segundo o diretor Jessier Menezes, a instituição sofre com problemas na rede elétrica (lâmpadas, tomadas e disjuntores), má iluminação da quadra de esportes, piso cheio de buracos, parte hidráulica com vários vazamentos, acessibilidade a cadeirantes precária, infiltrações das chuvas, banheiros com sérios problemas na parte hidráulica, paredes com rachaduras e pichações.
E tudo isso não condiz com a dimensão do que é feito no local. Conforme o diretor, a escola desenvolve vários projetos que envolvem toda a comunidade escolar, tais como: Lendo mais Sabendo Mais, Fontes de Energia e Meio Ambiente, África em Ação, Consciência Negra, Maratona de Matemática, Rádio Escola, Clube de Astronomia, Bom de Bola Bom na Escola, além de atividades esportivas tais como futsal, handebol, voleibol, sendo que no ano de 2014 a equipe de futsal feminina do Scampini foi campeã dos jogos escolares estaduais. Além disso, a escola possui uma banda de percussão que foi campeã em 2014 no concurso de bandas e fanfarras estudantis, conquistando o bicampeonato em 2015.
“A reforma vai proporcionar a elevação da autoestima de toda comunidade escolar. Além disso, já começamos uma campanha de divulgação e conscientização sobre a importância de mantermos a preservação do patrimônio público, onde informamos que todo o ato de vandalismo e pichações será punido severamente, inclusive com a transferência do aluno”, destaca o diretor da escola.
Com informações do TJ/MS.