Campo Grande (MS) – Reeducandos do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira (CPAIG) estão participando das equipes de trabalhos que percorrem as ruas de Campo Grande resolvendo um verdadeiro problema que assola a cidade nesta época do ano: buracos no asfalto.
A iniciativa é uma parceria da Agepen com o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, fazendo parte de um contrato firmado entre a empresa Gradual Engenharia e o Conselho da Comunidade de Campo Grande.
Segundo a empresa contratante, a expectativa é ampliar o número de internos trabalhando na operação “tapa-buracos”. A empresa começou com 7 presos, passou para 15, e o número continua subindo. O intuito é chegar a 100.
O encarregado da equipe que percorreu na última semana as ruas do bairro Moreninhas, Oswaldo Batista, conta que todos os dias os reeducandos deixam o presídio e vão para a empresa de engenharia responsável por cinco equipes da operação tapa-buracos. Em cada uma delas, em média, são encaminhados cinco presos para atuarem junto com os demais operários.
A medida foi muito bem aceita pela população e os presos também valorizam a oportunidade. O detento Wilkson Nunes afirma que esta é “uma forma da população nos ver com outros olhos” e, mesmo trabalhando no sol quente, ele não troca o serviço por voltar para a clausura. Pizzaiolo de profissão, ele pretende cumprir o que resta da pena trabalhando e, quando ganhar a liberdade, abrir seu próprio negócio. Condenado há 6 anos pelo crime de roubo majorado, cumpriu 1 ano e 3 meses da pena e agora teve sua primeira chance de deixar o presídio para trabalhar, satisfeito com esta oportunidade de mostrar serviço “no meio dos outros cidadãos”.
É com bons olhos que o barbeiro Benedito Correa da Silva assiste aos detentos trabalharem na rua em frente ao seu comércio nas Moreninhas. “Se eles estão ganhando o dinheiro deles honestamente é uma bênção pela vida deles mesmo, interagindo no meio da população e oferecendo um serviço ótimo e muito necessário para nós”, ressaltou Benedito sobre os presos fazerem parte das frentes de trabalho.
Referência
Referência em todo o país no modelo de ressocialização no regime semiaberto, os detentos da comarca de Campo Grande pagaram, nos últimos seis anos, por meio do trabalho, mais de R$ 2 milhões pelas suas despesas de manutenção em presídios da Capital.
Esse desconto foi possível graças ao fato de que mais de 70% dos presos do regime semiaberto estão trabalhando. Regulamentado pelo juiz da 2ª Vara de Execução Penal, Albino Coimbra Neto, por meio da Portaria nº 001/2014, é descontado 10% do salário que os detentos recebem para fazer frente as despesas de manutenção deles nos presídios.
Nos últimos anos, vários serviços de manutenção nos presídios foram feitos com estes valores, como a construção da portaria de acesso à Gameleira, manutenção no Instituto Penal, no Presídio de Trânsito, além de outras ações de melhorias nos presídios. Parte dos recursos foram utilizados para a reforma das escolas públicas, onde o preso realmente paga todo o custeio do material, já com a economia na ordem de mais de R$ 4 milhões para o Estado.
Além destas ações, neste mês de fevereiro está prevista a entrega da primeira Delegacia de Polícia reformada por presos, no programa “Mãos que Constroem”. A obra iniciada em outubro de 2016 é totalmente realizada por oito internos do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira.
Com informações e foto do TJ-MS.