Uma oficina para conserto de carrinhos de supermercados está em funcionamento no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira de Regime Semiaberto, em Campo Grande.
Inicialmente, foram selecionados cinco reeducandos para participar do programa que consiste em prestação de serviços, em troca de remuneração e redução de pena. Na prática, a cada três dias de trabalho, pelo qual eles recebem um salário mínimo, se reduz um dia de pena.
A Central de Manutenção de Carrinhos é do Grupo Pereira, que atua no ramo supermercadista e de atacarejos. A iniciativa integra parceria com o Conselho da Comunidade de Campo Grande, uma das instituições conveniadas com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) para ocupação de mão de obra prisional.
No espaço, com 600 metros quadrados, presos em regime semiaberto trabalharão na manutenção dos carrinhos de compras de 18 lojas das bandeiras Fort Atacadista e Comper localizadas na cidade morena.
De acordo com o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, a nova oficina reforça as frentes de trabalho no sistema prisional de Mato Grosso do Sul, estado com maior índice percentual do país de presos em ocupação laboral, conforme dados estatísticos do Depen. “Temos 36,8% dos presos trabalhando e isso é reflexo da credibilidade conquistada junto ao empresariado, seja em parcerias diretamente com a nossa Divisão do Trabalho, seja por meio de instituições conveniadas conosco como o Conselho da Comunidade de Campo Grande”, comenta o dirigente.
Para o presidente do Grupo Pereira, Beto Pereira, a iniciativa privada também tem a obrigação de ajudar no processo de ressocialização de pessoas em cumprimento de pena.
“Queremos uma sociedade melhor, com mais segurança, com oportunidades de emprego. Esse é um programa piloto que queremos levar a outros Estados em que atuamos”, disse o presidente da empresa durante a solenidade de inauguração do espaço na última sexta-feira (5.2).
Mesmo antes da inauguração do Centro de Manutenção, o trabalho já começou para os reeducandos. Desde 18 de janeiro eles estão envolvidos na organização e no processo de funcionamento da logística de operação do galpão, cedido, sem custos, pelo presídio, e reformado pelo Grupo Pereira, para que se ofereça boas condições de trabalho a todos os que se juntarem à este programa.
Ronaldo Alves da Silva, de 40 anos, cumpre pena de 27 anos, 17 deles já cumpridos. Para ele, a chance de participar desse projeto representa um importante aprendizado de trabalho. “Essa é uma oportunidade para o meu futuro. Não podemos parar no tempo. Acredito que esse projeto deve, com certeza, aumentar e vai ser um novo trabalho para todos nós”, comemora.
Reintegração e continuidade
A inauguração do galpão marca uma nova fase do programa, que existe desde 2014 e já beneficiou mais de 200 detentos no Mato Grosso do Sul. Tudo começou na bandeira atacadista Bate Forte. Em 2019, o projeto foi incorporado às práticas das bandeiras Comper e Fort Atacadista e, desde 2020, os reeducandos são levados de ônibus pela companhia e passam o dia trabalhando na área do depósito e na reposição de lojas.
No final de 2020, a Agepen disponibilizou o galpão ao Grupo Pereira para que alguns reeducandos passem a consertar os carrinhos de compras sem precisar sair do complexo. Anteriormente esta atividade era terceirizada pelo GP, pois a central de manutenção em uma das lojas realizava apenas a limpeza e pequenos reparos nos carrinhos.
Além dos reeducandos que atuam na Central de Carrinhos, outros 18 ocupam posições como repositores nas lojas do Grupo Pereira em Campo Grande/MS, e mais 12 atuam no Bate Forte, trabalhando na Manutenção.
A iniciativa não tem limites, pois quando ocorre a progressão da pena e os detentos estão em processo de albergue, eles já podem ser contratados pelo regime CLT. Dois deles já são funcionários da companhia.