Campo Grande (MS) – A Diretoria de Assistência Penitenciária da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), focada na expansão das ações de forma organizada, fortalecendo as parcerias, realizou por meio da Divisão de Promoção Social, este mês a 1ª capacitação para coordenadores dos “Grupos de Enfrentamento à Dependência Química” das unidades prisionais da capital e interior.
A iniciativa integra o “Projeto Unificado para o Enfrentamento da Dependência Química no Ambiente de Cárcere”, que tem por objetivo padronizar em todos os estabelecimentos penais de Mato Grosso do Sul os trabalhos realizados juntos aos custodiados dependentes de substâncias entorpecentes.
Durante o evento, realizado na última semana, na Sede da Escola Penitenciária, foi ministrada palestra por integrantes do grupo de Narcóticos Anônimos, com elucidações acerca da temática, partilhas de suas vivencias, os danos que as drogas causaram em suas vidas e de seus familiares. Eles apresentaram também um vídeo ilustrativo sobre o trabalho que o grupo realiza atualmente em 132 países, tendo sua literatura amplamente divulgada em 77 idiomas. Ao final da palestra, foram disponibilizados parte do material que o grupo utiliza nas reuniões, como instrumento fundamental para a recuperação de pessoas que se identificam como “adictas”.
Também foi realizada uma roda de discussões, onde os coordenadores dos grupos apresentaram a forma como estão ocorrendo as reuniões nas unidades prisionais, as dificuldades, avanços e conquistas. “Foi enfatizada a importância em sistematizar a metodologia em todas as unidades prisionais, fazendo uso dos mesmos instrumentais técnicos, pois é justamente este o objetivo do projeto, para que o custodiado que participa das reuniões em determinada unidade possa dar continuidade, mesmo que seja transferido de presidio ou receba sua progressão de regime”, explicou o diretor de Assistência Penitenciária da Agepen, Gilson de Assis Martins.
Segundo Gilson Martins, o evento possibilitou aos participantes vislumbrarem a dependência química sob um novo enfoque, um outro olhar. “Cada um que ali esteve sentiu-se mais empoderado para agir diante aos desafios que permeiam seus trabalhos no dia a dia”, destacou.
De acordo com a chefe da Divisão de Promoção Social, Alessandra Siqueira, atualmente, o projeto padronizado já está implantado em, praticamente, todas as unidades prisionais da capital. “O presidio semiaberto feminino está finalizando a análise da demanda para que na próxima quinzena de setembro também já inicie as reuniões com as internas”, detalhou.
No interior do Estado, conforme Alessandra, o trabalho já acontece na Penitenciária Estadual de Dourados, nos presídios feminino e masculino de Rio Brilhante, nos estabelecimentos penais fechado e semiaberto de Aquidauana e nas unidades masculinas de Três Lagoas. “E, através do Patronato Penitenciário de Três Lagoas, conseguimos implantar os atendimentos nos regimes aberto e condicional”, ressaltou.
Ainda estão em fase de análise da demanda os presídios de Dois Irmãos do Buriti, Ponta Porã e Jardim para iniciarem os grupos até o mês de outubro deste ano”. Mesmo os locais que não estão no projeto unificado, puderam participar do encontro”, frisou a chefe da Divisão de Promoção Social.
O diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, ressaltou o importante apoio dos membros do Narcóticos Anônimos, que proporcionaram conhecimento e informação aos profissionais da agência penitenciária. Segundo Stropa, a dependência em drogas é uma das principais causas da criminalidade e a Agepen tem buscado combater o uso de entorpecentes, o que refletirá diretamente na redução dos índices de reincidência criminal.