Ponta Porã (MS) – Fontes de fibras, vitaminas e minerais, verduras e legumes são considerados essenciais para a saúde humana, mas, muitas vezes, a falta de recursos acaba dificultando que pessoas em situação de vulnerabilidade financeira tenham acesso a esses alimentos.
Em Ponta Porã, uma horta instalada no Estabelecimento Penal Masculino de Regime Semiaberto está contribuindo para transformar essa realidade e garantir que a população carente possa se alimentar com qualidade, além de proporcionar trabalho digno e produtivo aos detentos.
O trabalho de horticultura existe há três anos no Estabelecimento Penal Masculino de Regimes Semiaberto, Aberto e de Assistência aos Albergados de Ponta Porã (EPRSAAA-PP). Atualmente o que é produzido no local pelos reeducandos atende a 13 entidades filantrópicas.
É o caso da Ação Social Cristã Anjos de Resgate (ASCAR), que presta assistência a mais de 50 crianças e adolescentes. “Chego a receber três vezes por semana as hortaliças, tudo fresquinho e têm contribuído muito, além de trazer mais saúde para a alimentação das crianças”, ressalta a coordenadora e fundadora da ASCAR, Elisângela Echeverria Barros. ”
Para ela, as doações representam “um colorido para a vida e o prato de crianças e adolescentes” em situação de vulnerabilidade atendidas pela instituição, que existe há quatro anos, principalmente graças ao apoio e trabalho voluntário de parceiros.
A ação social faz parte de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da direção do presídio, a Pastoral Carcerária e o Conselho da Comunidade de Ponta Porã, que fornecem os insumos necessários para a produção das hortaliças. Com mais de mil metros quadrados de área, no local são plantadas diversidades de hortaliças e verduras.
Alface, cebolinha, salsinha, couve, pimentão e cenoura estão entre as opções que integram a alimentação de crianças, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade, atendidas pelas dezenas de instituições beneficiadas.
No momento, 13 reeducandos trabalham no local e recebem um dia de remição na pena a cada três de serviços prestados. Além da diminuição no tempo de prisão, a lida com a terra é garantia de conhecimento adquirido para uma nova profissão que poderá assegurar renda lícita quando deixarem o presídio.
“O projeto existe há três anos e a doação de hortaliças cultivadas pelos internos a instituições filantrópicas é uma forma de colaborar com a sociedade diretamente”, afirmou o diretor do presídio, Rodrigo Borges, destacando os benefícios que esse trabalho traz para o retorno ao convívio social dos apenados.
Dentre as instituições beneficiadas também estão a Escola Municipal Prefeito Orlando Mendes Gonçalves, Anjos da Noite de Ponta Porã, Escola Estadual Deputado Fernando C.C. Saldanha, Centro de Atenção Psicossocial – CAPS II, Escola Estadual Dr. Miguel Marcondes Armando, Instituto Dsant, Paróquia Vicente de Paulo, Escola Municipal Prefeito Adê Marques e a Casa de Apoio à Recuperação Bom Samaritano – CARBS.
Na opinião do presidente da CARBS, Pastor Edgar Batista, “o cultivo da terra traz uma ocupação terapêutica para as pessoas e é muito importante para quem está em situação de prisão, além disso, ajuda a agregar novos valores morais e sociais”. A Casa de Apoio existe há mais de dois anos e atualmente atende 12 homens, entre 18 e 60 anos, na recuperação da dependência química com tratamento intensivo.
Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, esse trabalho representa uma importante ferramenta de incentivo à disciplina dos internos, garantindo remição na pena aos custodiados, além de servir como aprendizado que poderá garantir uma fonte de renda quando conquistarem a liberdade.
O dirigente destaca que a plantação de hortaliças é realidade em diversos presídios do estado, o que proporciona ocupação lícita e tem ampliado o contato com a sociedade. “Importante ressaltar também o empenho dos diretores e equipes de servidores, que não medem esforços para desenvolver iniciativas que contribuem para a redução da reincidência criminal em nosso estado”, finalizou.
Texto: Tatyane Santinoni e Keila Oliveira.
Fotos Divulgação Agepen.