O comportamento padrão de profissionalismo a toda prova é uma marca carregada por policiais penais que compõem o Comando de Operações Penitenciárias (COPE), tropa de elite da Polícia Penal de Mato Grosso do Sul, cuja filosofia está ancorada nos conceitos de hierarquia, disciplina, lealdade e coragem. O sobreaviso é inerente ao trabalho do grupo, pois ser “copeano” é estar sempre pronto para a “batalha”.
Instituído há cinco anos, é o primeiro grupamento especializado em intervenções prisionais em situações de crise ou para a realização de “operações pentes-finos” em presídios estaduais, além de ter sido a primeira equipe armada institucionalmente, representando um “divisor de águas” no trabalho da Agepen.
Segundo o diretor-presidente da autarquia, Aud de Oliveira Chaves, o pioneirismo do grupo foi um marco importante para a história da agência penitenciária e tem sido fundamental no processo de transição para a Polícia Penal. “São profissionais altamente qualificados, multiplicadores de conhecimento e que desempenham trabalho de excelência, o que tem fortalecido ainda mais nossas ações junto à sociedade”, ressalta.
Enquanto os policiais penais que estão na lida do cotidiano das prisões atuam na vanguarda, esses guerreiros agem na retaguarda de situações de crise. Cada membro do Comando carrega essa expertise durante as ações em dias de operações especiais, sendo responsáveis pela salvaguarda de vidas de presos e de servidores.
O treinamento físico é duro e contínuo. Até o seu cérebro precisa estar preparado, pois deve saber vencer a tensão, dominar o medo, obter a suficiente agilidade mental para sair de qualquer situação e cumprir seu objetivo.
“Somos o último recurso, por isso sempre vamos com força máxima”, destaca o comandante do COPE, Richard Dias, reforçando que o grupo é a força de reação da Agepen.
Um dos principais trabalhos desenvolvidos é a realização de operações de retomadas da ordem e da disciplina em ambientes hostis e procedimentos de segurança em unidade prisionais, quando se fazem necessários. Também é dos operacionais a responsabilidade de realizar escoltas consideradas de alto risco, com todos alinhados em uma única doutrina, que segue os Procedimentos Operacionais Padrão (POP), priorizando sempre a segurança.
Focados na segurança física e psicológica para atuar nas ocorrências adversas, os integrantes do COPE também realizam o trabalho de contenção de presos para as revistas de celas e outros espaços das unidades prisionais, para localizar e apreender armas, celulares e drogas.
Apesar de ser recente no cenário nacional, a tropa de elite de Mato Grosso do Sul já é referência para outros grupos operacionais. “Nosso trabalho é especializado para o sistema prisional, pois conhecemos este ambiente, então focamos em sanar a situação de crise de forma que se mantenha um ambiente tranquilo aos policiais penais que permanecerão no local após a intervenção ser encerrada”, destaca o comandante.
Um dos procedimentos diferenciados adotados é o escalão de imobilizadores táticos, formado por especialistas em artes marciais, responsáveis por imobilizar, algemar e conduzir os presos, reforçando a segurança para o interventor armado, além de preservar a integridade física dos internos.
Espírito de Prontidão
Esse foco de que “missão dada é missão cumprida” que corre nas veias da policial penal Dilma Colman, da base do COPE em Dourados nesses quatro anos que integra a equipe. “Já tive que deixar o hospital de madrugada, onde meu filho estava internado, para atender convocação para uma intervenção em uma das penitenciárias do estado. Me troquei na base e fui”, lembra Dilma, uma das primeiras mulheres a compor a tropa de elite do sistema prisional de MS e a primeira motorista operacional, do sexo feminino, do grupo.
E são várias as histórias em que o comprometimento com o trabalho e a vontade de fazer a diferença estão no currículo da servidora, entre perrengues e a dor de ter que decepcionar a família ao abrir mão de alguma atividade programada de lazer no final de semana, para atender às chamadas do serviço, ou mesmo não poder acompanhar a mãe em exame médico agendado com meses de antecedência. “No COPE, a gente sabe que está ali e a qualquer momento você é chamado e tem que sair às pressas, a dedicação faz parte do dia a dia”, afirma.
Esse espírito de prontidão é compartilhado pelos demais integrantes do grupo, como no caso emblemático ocorrido em 1º de janeiro de 2021, quando um policial penal foi pego de refém durante um motim de presos na Unidade Penal “Ricardo Brandão”, em Ponta Porã. “Todos os interventores chamados prontamente compareceram, mesmo sendo feriado de começo de ano, e fomos para Ponta Porã reforçar e ajudar a resolver o problema; foi um momento muito marcante para nós, demonstração de muita união”, destaca Richard.
Treinamento Pesado

Para integrar a tropa de elite, policiais penais se submetem a curso de extremo desgaste físico e psicológico.
“Copeanos” são homens e mulheres treinados e equipados para situações de conflito e de riscos, como motins, tentativas de rebelião e de fuga, agindo com técnicas não letais, próprias e específicas para o ambiente prisional, além da necessidade de estarem preparados psicológica e fisicamente para a rotina exaustiva e aguentar os 22 quilos de equipamentos que carregam.
Para integrar o Comando de Operações Penitenciárias, os policiais penais se submetem a curso de extremo desgaste físico e psicológico, pensado para que o operador tático suporte situação real de crise.
Também são especializados em matérias como Atendimento Pré-Hospitalar Tático, Rapel Tático, Técnicas e Tecnologias Não-Letais, Combate Prisional em Ambientes Fechados, Combate Corpo a Corpo e Imobilização Tática, Escolta de Presos, Intervenção Prisional, entre outras.
“Somos treinados e preparados para termos capacidade de enfrentarmos e resolvermos situações de crises dentro do sistema prisional do Estado de Mato Grosso do Sul, mas isso também é resultado da querência de cada membro deste COPE, que se dedica para realizar um trabalho de excelência”, reforça o comandante.
Representatividade
Criado no dia 27 de dezembro de 2017 na estrutura da Agepen, está subdividido em Grupo de Intervenção Tática (GIT) e Grupo Tático de Escoltas (GTE). Além de Campo Grande, sede do Comando, possui bases em Corumbá e Dourados. A meta é que mais bases avançadas sejam criadas.
Nos cinco anos de existência, foram realizadas 50 intervenções prisionais pelo Comando, o que tem sido muito produtivo para o sistema prisional do estado, já que antes dependia inteiramente do Batalhão de Choque da Polícia Militar para efetuar este serviço. Com um grupo operacional próprio para intervenções, a administração penitenciária consegue planejar melhor as ações e dar uma resposta mais rápida em muitos casos. Com relação a escoltas, o Comando já contabiliza mais de 25 mil presos transportados.
Como exemplo da representatividade e da importância do COPE, os operacionais são chamados para ações da força-tarefa de intervenção penitenciária do Departamento Penitenciário Nacional, que reúne profissionais de todo o Brasil para execução de acordos para segurança pública. “Evoluímos muito em pouco tempo, fomos precursores da Polícia Penal em Mato Grosso do Sul, com implantação de doutrinas, que hoje estamos sendo multiplicadores”, comemora.
Os integrantes do grupo especial também têm sido os responsáveis em ajudar, como instrutores, na formação de policiais penais que irão reforçar o próprio grupamento por meio do Curso de Intervenção Prisional e Escolta (CIPE); e do Curso de Armamento e Tiro, Vigilância e Escolta (CAVE), exigido para o Grupamento de Escolta Penitenciária (GEP).
Por tudo que o Comando de Operações Penitenciárias representa no cenário do sistema prisional e da segurança pública do estado, seu símbolo da águia cortado por um raio e as armas cruzadas, ostentado com orgulho por seus integrantes, traduz o trabalho da equipe, representando a coragem e a força; pela sua soberania e imponência, aplicadas em conjunto para a eficiência da Polícia Penal.
Texto: Keila Oliveira e Tatyane Santinoni. Publicado na ‘Revista Polícia Penal em Ação’.
Fotos: Tatyane Santinoni.