Campo Grande (MS) – Acontece até esta sexta-feira (12) uma exposição de artesanatos confeccionados em unidades prisionais de regime fechado de Campo Grande. Cerca de 350 peças estão à venda, entre tapetes, objetos de decoração, jogos de cama e mesa, utilitários etc, na 6ª Feira Artesão Livre – Especial Dia das Mães”, realizada no Fórum de Campo Grande.
A ação é uma parceria entre o Governo do Estado, por meio da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), o Poder Judiciário, Ministério Público e o Conselho da Comunidade da Capital. Entre os objetivos da iniciativa está o de mostrar à sociedade uma das frentes de trabalhos existentes dentro do sistema penitenciário sul-mato-grossense, que possibilita ao custodiado desenvolver habilidades manuais, além do vislumbre de uma profissão digna e geradora de renda.
Quem passou pelo local não perdeu a oportunidade de conferir os trabalhos e de encontrar uma opção de presente para o Dia das Mães. Foi o caso da servidora pública Patrícia Lacerda, que comprou um “caminho de mesa” para dar à sua genitora. Frequentadora assídua da exposição, ela revela que já adquiriu outros produtos nas edições anteriores do evento. “É tudo muito bonito e com bastante qualidade que, com certeza, eu pagaria bem mais caro se comprasse em outro lugar”, comenta.
Realizada pela 6ª vez, a exposição é um sucesso consolidado, fruto do esforço das equipes de servidores da unidades prisionais, sob o comando das chefas dos setores de trabalho. Para se ter uma ideia, somente na primeira hora da feira foram vendidos todos os “cobre-bolos” confeccionados em pedraria por detentas do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”. A exposição reúne, ainda, trabalhos em madeira, como jogos de mesa infantis, peças em caixaria e vários artesanatos em crochê e tricô, produzidos no Instituto Penal de Campo Grande, Penitenciária de Segurança Máxima, Centro de Triagem e Presídio de Trânsito.
Além do pagamento em dinheiro, as peças podem ser adquiridas com cartão, por meio de débito ou crédito (para o vencimento), explicam os organizadores. A renda arrecadada é revertida em prol dos detentos artesãos, seja para a aquisição de mais materiais para continuarem os trabalhos, seja para ajudar os familiares. A prestação de contas é acompanhada pelo Ministério Público.
De acordo com o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, são realizados regulamente cursos de capacitação na área de artesanato, que possibilitam aos detentos a realização dos trabalhos. A atividade, ressalta o dirigente, é regulamentada e também serve como remição de pena, conforme estabelece a Lei de Execução Penal.
Incentivadora da Feira de Artesão Livre e parceria da Agepen na organização da exposição, a promotora da 52ª Promotoria de Justiça, Renata Goya, ressaltou que a profissão de artesão é legalmente reconhecida, sendo oferecidos aos internos cadastrados, e que realizam os trabalhos, a Carteira Nacional do Artesão, fornecida pela Fundação Estadual de Cultura. “É um trabalho digno que poderá servir como profissão quando saírem da prisão”, ressaltou.
Presente na abertura do evento, o juiz Mário Esbalqueiro, da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, parabenizou a iniciativa e destacou a importância de ações que visam à ressocialização. “Não existe prisão perpétua no Brasil e esses condenados retornarão ao convívio social, então precisamos oportunizar meios que possibilitem essa mudança de conduta ou não conseguiremos reduzir os índices de criminalidade”, disse.