Melhorar o rendimento no serviço público e saber lidar com as emoções e os desafios são temas relevantes no contexto da inteligência emocional. É o que aponta a coach Karine Godoy, que também é servidora da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e compartilha conosco, nesta entrevista, como superou momentos de dificuldade emocional após trabalhar em um presídio de segurança máxima na Capital.
Ela que encontrou na ferramenta, auxílio para superar os momentos difíceis, destaca que o conceito de ‘inteligência emocional’ surgiu logo no início da década de 90, sendo proposto por dois pesquisadores, Peter Salovey e John Mayer, ambos psicólogos. No entanto, ficou conhecido mundialmente cinco anos depois, em 1995, com a publicação do livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman. Proveniente das ciências humanas, o termo despertou a atenção da servidora, que atualmente ministra lives e dá palestras a respeito do assunto.
“É isso que está faltando em todo o serviço público, e principalmente, no sistema penitenciário, trabalhar as habilidades emocionais com o intuito de obter não só melhor qualidade de vida para o servidor, mas em contrapartida, obter uma excelência no serviço público. Servidores motivados entregam melhores resultados”, explica Karine, defendendo a aplicabilidade do coaching no ambiente de trabalho.
A coach já desenvolveu projetos de inteligência emocional e do poder da autorresponsabilidade em presídios femininos de Campo Grande – MS, que só foram interrompidos em decorrência da pandemia de coronavírus. Esses trabalhos apresentaram excelentes resultados, pois trabalharam a capacidade racional e emocional das internas, melhorando também o bem-estar através do equilíbrio.
A importância da IE (sigla que representa a prática) está no seu poder de chegar em todas as condições do ser humano, se tornando algo fundamental. “É fundamental não só no serviço público, mas em todas as áreas da vida, pois agimos de acordo com nossas emoções. Se não houver equilíbrio emocional os conflitos interpessoais tendem a aumentar gerando desmotivação e frustração profissional. Tudo isso compromete drasticamente o bom andamento da máquina pública”, salienta a servidora.
Segundo Karine, com a chegada da pandemia, os limites de boa par parte da população foram testados, sendo colocados à prova algumas habilidades emocionais, como resiliência, adaptação, empatia e relações sociais. “Ficou claro que somos analfabetos emocionalmente, pois não aprendemos a desenvolver nossas habilidades emotivas. Muito pelo contrário, fomos criados a reprimir nossas emoções desde criança onde ouvíamos o “engole o choro”, de nossos pais. Hoje sabemos que o equilíbrio emocional é fundamental para obter o tão almejado sucesso”.
Mas de acordo com a coach, só será possível obter esse equilíbrio através da trilha de desenvolvimento da inteligência emocional. E para que os trabalhadores tenham interesse em realizar verdadeiramente essa competência, uma série de benefícios deve ser listada, que são: uma comunicação mais transparente e eficiente; vetar discussões e competições desnecessárias; controlar impulsos e canalizar emoções; persistir diante de obstáculos e desafios; desenvolver e manter relações profissionais, fortalecendo o networking; colaborar para um ambiente de trabalho mais integrado; etc.
Karine Godoy é policial penal e trabalha na Unidade Mista de Monitoramento Virtual Estadual (UMMVE). A servidora já realizou várias palestras levando o tema ao conhecimento público, além de ter projetos publicados no site da Agepen.
Com informações do Portal do Servidor.