Campo Grande (MS) – Um projeto de estímulo à leitura em prisões deverá ser desenvolvido em parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Pela proposta, alunos dos cursos de Psicologia e Letras da UFMS, por meio de projeto de extensão e sob orientação de um professor, irão ministrar oficinas de leitura a custodiados.
Durante as oficinas, além da leitura de obras pré-definidas, os reeducandos participantes aprenderão a escrever resenhas e terão que desenvolvê-las sobre os livros lidos. Além de estimular o gosto pelo “mundo dos livros”, a iniciativa busca atender a determinações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a concessão de remição de pena pela leitura, que estabelece que o interno pode ler um livro ao mês, num total de 12 livros por ano, devendo produzir uma resenha que será avaliada por uma comissão própria. Com isso, a leitura poderá render até 48 dias de diminuição na pena.
Uma reunião sobre o assunto foi realizada esta semana na Sede da Agepen, com a participação do diretor-presidente da instituição, Aud Chaves, e da coordenadora do programa de Pós-Graduação em Educação da UFMS, Beatriz Rosálio Gomes Xavier Flandoli. Também participaram do encontro a diretora de Assistência Penitenciária, Marinês Savoia (em substituição legal); a chefe da Divisão de Educação da Agepen, Rita Argolo; os agentes penitenciários Clayton Barcelos e Eli Narciso, que desenvolvem pesquisas sobre educação prisional; e a pedagoga e pesquisadora da área, Geisilane de Oliveira Maciel José.
De acordo com a chefe da Divisão de Educação da Agepen, a UFMS está em busca de recursos para desenvolvimento da ação. A previsão é que os trabalhos iniciem no final deste ano.
Leitura no Cárcere
Outra proposta que está em estudo, por meio de parceria entre a Agepen e a UFMS, é a realização de oficinas de leitura e de produção de resenha crítica, mas com o foco também em análises sobre quais as origens da conduta delituosa, e de que forma poderão transformar suas histórias de vida.
Para o “Leitura no Cárcere”, a Agepen recebeu a doação de 480 obras, por meio dos pesquisadores da UFMS, da Editora Giostri, que já foram entregues e distribuídas ao Instituto Penal de Campo Grande e ao presídio feminino de Corumbá, onde o projeto será desenvolvido. A expectativa é que, no total, sejam 1200 livros doados. Além das oficinas de leitura, a iniciativa também prevê a realização de oficinas de fotografia para os custodiados.
O trabalho acontecerá com a coordenação da UFMS, por meio de cursos de extensão, com a produção de textos pelos reeducandos. Ao fim do projeto, os participantes reescreverão a sua trajetória, proporcionando um final diferente e melhor.
“A intenção é que, se produzirem textos interessantes, a editora publique um livro com as histórias”, explica a chefe da Divisão de Educação da Agepen.
A previsão é que o “Leitura no Cárcere” tenha duração de cinco anos. No entanto, não está definida a data de início do projeto, pois a UFMS ainda está verificando a disponibilização de recursos.