Campo Grande (MS) – Servidores da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) participaram nesta quarta-feira (5) de uma palestra sobre o método de Constelação Familiar, promovida pelo Instituto Educacional Sistêmico.
O encontro foi realizado no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG), com apresentação realizada pelo procurador de justiça aposentado e terapeuta sistêmico, Amilton Plácido da Rosa. Cerca de 30 agentes penitenciários de diferentes unidades prisionais da Capital participaram da ação.
O método psicoterapêutico de abordagem sistêmica, utilizado na Constelação Familiar, foi desenvolvido pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger e tem como foco o sistema familiar. Segundo ele, a família, desde a primeira geração, é uma espécie de rede em que todos os integrantes estão conectados, mesmo que não se conheçam ou tenham vivido na mesma época.
Por meio do método, Hellinger demonstrou que acontecimentos trágicos na história de uma família podem ter efeito nas gerações posteriores, de tal forma que um membro familiar imita, inconscientemente, o destino difícil de um antepassado ou expia por ele.
Durante a palestra, o terapeuta sistêmico explicou aos agentes penitenciários, inclusive com a realização de dinâmicas, que a terapia de Constelação Familiar atuará com os meios necessários para que as pessoas possam superar as marcas implantadas em seu íntimo pelos maus tratos sofridos e pelas experiências desagradáveis pelas quais passaram, e recebam todas as condições e os impulsos necessários para um crescimento saudável.
De acordo com o palestrante, a abordagem é fundamentada em três princípios: da necessidade de pertencer (pertencimento), da ordem e hierarquia dentro do sistema e do equilíbrio entre dar e receber. “Respeitar esses princípios proporciona efeitos benéficos e curativos”, defendeu o palestrante.
Idealizadora da ação junto aos agentes penitenciários, a psicóloga jurídica do Ministério Público Estadual, Lindomar Carretoni Pacheco, que também é mediadora judicial pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, ressaltou que a proposta de realizar a constelação familiar junto aos servidores do sistema prisional tem como objetivo também que as transformações possam refletir nos custodiados. “Cuidando dos cuidadores, teremos reflexos também entre os internos, seja pela postura do profissional, seja pelo atendimento que farão”, destacou. “Conseguiremos que os internos se tornem pessoas melhores por conviverem com exemplos de amor”, complementou.
Presente na palestra, o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, agradeceu ao palestrante e aos colaboradores pela disponibilidade de demonstrar o método de Constelação Familiar aos profissionais do sistema prisional. Conforme Aud, a ação teve como intuito auxiliar os agentes nas questões vivenciadas no cotidiano e, como é objetivo da Constelação Familiar, a também “tornar a vida dos profissionais mais leve”.
Novos Encontros
Após a apresentação do método de Constelação Familiar ao grupo da Agepen, o Núcleo de Apoio Psicossocial da instituição se comprometeu a difundir a iniciativa entre os servidores penitenciários para que se possa haver um grupo permanente para trabalhar o assunto.
A intenção é que os encontros ocorram na Escola Penitenciária em horário e períodos ainda a ser definidos. “Iremos trabalhar para apresentar uma proposta em que tenhamos um trabalho contínuo neste sentido”, informou a chefe do Núcleo, Maria Roseneusa Santos Oliveira.